Carta de Malandro

Carta de Malandro
Belo Horizonte, 23 de Maio de 2010
Olá ex-amor, gostaria que tu soubesses o quanto que eu sofri ao ter que me afastar de ti. O tanto que eu ouvi o Martinho cantar e eu chorei. Chorei os momentos que passamos, chorei os carinhos, chorei as festas, os jantares, os presentes.
Mas não chorei os planos, nem as promessas, porque a esperança sempre resta. Eu sei que disse o que não devia, e que escutei de todos que nós dois juntos já não dava mais samba. Mas nesse compasso que embala meu pedido desafinado, eu penso e até concordo. Nossas estruturas estavam por demais abaladas, não consigo estimar o investimento necessário para reformar esses alicerces.

Também, acabo por crer que talvez eu nem quisesse. Que as memórias são o suficiente para narrar uma bela história, que termina junto com o álbum de fotografias. mas essa é a questão. Nosso amor digital parece requerer novas fotos, já que estávamos longe de completar todos os gigas do hd.

É uma insistência maluca. Mais maluca que insistir em pacificar o Oriente Médio, ou abaixar o preço da fruta no Japão. Perceber que a faca corta mesmo quando queremos golpeá-la com um murro. Entrar no enxame, nu, e esperar o veneno consumir a vida. Mas enquanto o veneno faz efeito, a ilusão invade a mente, convincente. Há futuro, há chance, porque se havia início promissor, altas apostas na bolsa, que indicador é esse que naufragou tanta expectativa?

A vida segue, outras pessoas desembarcam no nosso porto, com muita história pra contar. Umas estão só de passagem, mas outras, ao adentrar um pouco além do cais, se mostram suficientemente capazes de fixar residência, construir vida, família. Pena que ainda o dono das terras se recusa a aceitar ofertas, mesmo já fazendo propaganda do loteamento. É porque ele sabe que, embora a casa pareça abandonada, são só férias estendida, e que o morador daquele coração há de voltar. ele não vai deixar que invadam a sua propriedade e levem o que é dele. Assim espera até a defesa civil.

Desse jeito, de todos os órgãos, talvez a providência ainda venha dele. Dia 13/6, Antônio: Lembre-se daquilo que eu te fiz em 2002. Te desenhei palitinho, plastifiquei, preguei no vaso sanitário, com a cabeça mergulhada e disse: Vai ficar com a cara na merda até me trazer alguém decente. Entendo que devemos experimentar pra ter certeza, e que opções e tentativas não faltaram desde então. Não encare isso como uma ameaça. Talvez, você com seu volante está guiando muito melhor, parando nos sinais vermelhos, respeitando as faixas de pedestres. Se meu pedido for descabido, ignore. Confio na sua sanidade, Santo.

Entendo porque seu dia vem em seguida ao dia 12/6. Tanto sentimento no ar mostra que vale a pena amar. É uma situação passar esse dia a mercê do vento, que devolve calmaria, quando se quer agito. Jogar os búzios e aguardar que a meteorologia sinalize tempestades, para um raio fulminar onde precisa, queimar, e finalmente eu poder colocar o band-aid final, passar um merthiolate e sarar de vez esse tempo.

Até mais,
Fábio Vicente
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Feliz dia dos namorados pra quem é de namorado. Tenham em mente todos os mantras da paciência, saibam ceder e dar carinho, na medida. Entender o outro e compartilhar são a chave.

Bom dia de Santo Antônio pra quem é do Santo. Se a situação solteira te é um percalço, peça simplesmente por alguém que vá te fazer feliz. Os obstáculos existirão com qualquer um.