O Álcool e a Fé – Divagações sobre um ano desventuroso


Afinal, qual é o momento máximo da fé? Partindo desse principio, quero pontuar algumas situações que a nossa fé é levada ao extremo. Acho que no fim, vou usar da fé para falar de um balanço anual, mas aí, resta a imaginação do leitor, sujeito ao caminho sinuoso das teclas e o número de interrupções que eu vou ter ao escrever.

Eu não sei por que meus amigos quando não estão se formando, estão se casando, parece até combinado. Ou seja, agora eu não saio da igreja. Beato que me tornei, aprendi todos os coros e até me emociono – Oda May Brown em sua versão freira adoraria me ver entoar. Dessa forma, como as missas são extremamente parecidas, naquele ritual de senta levanta – parece criança brincando de morto vivo – ontem mesmo resolvi convidar os já convidados a começarem a comemoração antes da cerimônia. Rá! Cantei, abracei e até chorei com muito mais fé, descobri que o álcool remove montanhas. Aquela cervejinha foi um verdadeiro cataclismo no meu coração, aquilo expandiu minha experiência com o mistério, inacreditável.

Eu deveria ter usado a mesma estratégia para arranjar um emprego. Não leitor, eu não vivo só de escrever textos bobos, mas eu sou de família nobre e tenho papai para pagar minhas contas #NOT. Voltando a realidade, se faltou ser picuinha ou não, vai saber. Só sei que meu currículo já rodou mais que caminhoneiro aposentado. Entre dinâmicas, testes, viagens, frustrações e aprendizados suspeitos, acho que me faltou fé. Fé em poder ser chato, em me libertar a uma transformação de personalidade e encarar o personagem que eles queriam ver, ao invés de ser esse eu mesmo aqui. Faltou álcool.

Mas sobrou álcool quando o assunto é amor, nesse ano em que a desventura e a transcendência extrapolaram os sentidos mais sensoriais que os cheiros e toques convencionais. Vários foram os bares, colos e hospitais que eu freqüentei, na eterna busca, já que o cupido resolveu oferecer varias opções sem qualquer parâmetro. Arriscou mesmo. Eram flechadas e band-aids para todos os lados.

Mas o ano está acabando, digamos que bem, porque o bom humor, esse não me tiraram. Puderam me bater, puderam me prender, puderam até deixar-me sem comer, que eu preferi mudar de opinião, nessa metamorfose ambulante. Recolhi milhões de motivos pra chorar e transformei tudo numa grande piada, força pra girar o leme e começar 2011 revolucionando nesse mar de ondas fortes, mas de céu azul.

Já o leitor, bem, reza mesmo, porque a coisa ta braba pro lado de todo mundo. Que nesse réveillon, te sobre tempo pro álcool e pras oferendas todas, minhas vidas. Tem que ter fé.