Estou viva

- Como você está?
- Estou viva, vê, essa carne está viva, há sangue circulando, coração pulsando, nada mais.

Sim, ele partiu. A dor pode parecer interminável. Mas ela é uma adaptação, a forma de mantê-lo vivo. A lembrança que insiste em trazê-lo para o café, o almoço e jantar. O cheiro perdido, o eco da voz, redundante em cantos rotos de sinapses e paredes.

Ele não irá voltar. Mas as lembranças estarão aí. O tempo irá se encarregar de fazer com que apenas as boas se sobressaiam, que o conforto venha. Até lá, a nave do astronauta os espera de portas abertas, para giros da distração.

Meu abraço, em agradecimento por tudo, compreensão e meu apoio nesse momento superior ao meu entendimento.