Descuido (v2)

Nas horinhas em que encaramos a intimidade e percebemos como é bom ter alguém, por  mão na boca sem ter medo de que a mordida faça sangrar, jogar pra cima e rir até a chuva cair e vir o sol, até o inverno e depois o verão e aí tudo de novo.

Como se todos os dias arrancássemos nossos sisos e perdessemos o juízo, querendo esticar as pernas e ver a novela na sorveteria. Sabe como é, sem se importar e deixar a felicidade se espalhar por onde estamos, porque de tão grande, ela transborda por nossos poros.

Um filme e qualquer coisa mais banal já me faz ficar aqui, no breu da madrugada, imaginando o que vai ser dar aquela mijada antes de dormir e te encontrar me esperando, pra dormirmos juntos, cumprindo a rotina de dois seres que se amam e decidiram ficar juntos.

Gosto de imaginar o passar dos anos. A transformação dos corpos, as gorduras e rugas. Gosto de imaginar como se fosse uma fotografia, abraçados, uma casa com varanda e algo mais de água. Nós dois com roupões brancos e macios. O tempo passando, mas do sentimento, algo forte, quente e encorpado, ganhando mais sabor como um bom vinho.

Eu te amo. Que nem a morte nos separe.