Chão de Estrelas

Meus olhos queimam, a última esperança
como fogueira, em noite de estrelas



Se a nave percorre a matéria e a anti-matéria, formada daquilo que nós somos, nós somos o que afinal se não a mesma coisa que tudo já o é?

E se é assim, qual a diferença entre existir e estar presente? Porque se somos aquilo que já existia e nos tornaremos aquilo que já existe, talvez um salto rumo ao desconhecido sólido apenas adiante as coisas.

Porque, dentre as coisas que existem, talvez o abstrato não exista. Quem sabe a transformação atômica não mostra o quão efêmeros são os sentimentos e problemas? Pode ser que até mesmo eles fiquem perdidos por aí, como uma perda de elétrons, e resolvam se combinar em um outro ser.

Acredito, depois de muita andança, que nos combinamos e interagimos, somos ajudados, compreendidos, perdoamos e somos perdoados, mas seguimos sós. É uma estrada sem volta, uma travessia, na qual ou você faz a diferença ou, nem sei. Só sei que eu queria que isso tudo fosse mentira.

História, tudo conto. Mas não. Da janela vejo esse chão de estrelas, além, histórias, experiências, até amor. Mas se partisse para esse mergulho profundo, o que restaria? Uma carcaça maltratada pelo limbo. O que não restaria? O que é que existe concretamente e o que é fruto do universo dos meus pensamentos? Ninguém sabe.

Do alto do morro do Salgueiro, o meu apelo - indo contra a maré, querendo acreditar que o hoje é o sempre, por uma gota do intangível, sentimento vitamínico. Ou ponte que me espere, pois daqui já me cansei.