Contra-mão

Eu te odeio. Eu te odeio porque você ainda se importa comigo. 

De planetas em rota, de revisitas, de postes desiluminados, ora ora, faça me o favor. É assim tão difícil aceitar que alguém goste de você?

Para se saber o que é o ódio, tem de se saber o que é o amor. Não estou negando, mas das escolhas, da impossibilidade prevista da felicidade para o ano, quer realmente me fazer acreditar que foi a melhor alternativa? Deve ser fácil se dopar de entretenimentos para fugir, mas há frio, há magoa, há sentimento. O que não há é tiro de prata ou de ouro que matasse tamanha vida que ligava cada dedo e fio entre nós. Para quê solidão, estranhamento, fuga, quando cada célula pulsa desejo e saudade?

Tá, que temperamento que não desiste é esse? Não é de abuso. É de compreender que tempos passam. Das coisas que sei que fiz, e então compreendi. Do que não é pecado, do que pode ser perdoado. Do que pode ser lido, revisto, do que pode ser novo, do que pode ser bom. E de não ligar para o que os outros vão pensar, já que eles não importam. Eu sei o que me completa.

Por fim, abre a porta, deixa eu deitar ao seu lado. Deixa a gata arranhar a porta, deixa o vizinho bater na porta. Que porta, se já teremos entrado em um lugar de onde não precisaremos sair? Do braço, das mãos, dedilhar costelas, apertar ombros, sentir pescoços, encontrar lábios, sugar energias, entrar em colapso de dois e ser um, em orbita não mais errante.

Impossível é o que a gente quer que seja, amor é aquilo que a gente sabe bem e, por medo do desgosto, encostou na prateleira. Dou esse passo, na expectativa de sentir seu nome reluzir na tela da minha nave. Daí, acendo os motores, e chego na Beira tão breve quant

I'm a rocket man. How old is your soul?


E quando o sol chegar, a gente ama de novo, a gente liga pro povo, fala que tá namorando e casa semana que vem
Deixa o povo falar, O que é que tem?
Eu quero ser lembrado com você, isso não é problema de ninguém.




Me mata de orgulho