As pessoas me perguntam se eu tenho um sonho. Confesso que
pergunta sempre me constrange. Minha mente passeia por campos abertos, sobe
montanhas, desliza dunas até descansar seus imaginários pés no refrescante do
mar. Daí, uma brisa enche meus pulmões ao anoitecer e, involuntariamente, eu me
lembro de você.
Ainda que sem resposta, cada quadrado conta com essa
onipresença, um sorriso natural, esverdeando os tais sonhos. Dos quietos,
filmes e séries em um confortável sofá, um apartamento exclusivo, no qual
nossas quatro pernas compartilham de um carinho que só nós dois sabemos
explicar. Pra quê explicar, nesse mundo só nosso, não cabe palavras, rancores
perto de todos os beijos que eu guardei pra te dar.
No alargar dos meus brincos, te fazer caber dentro de mim. E
de um brinde, curtir nossas fantasias, filmes, séries e jogos, se emocionar. Um
dos sonhos está aí tão concebido: Um apartamento.
Mas se não coubermos no branco das paredes, para expandir as
cores, podemos voar por aí. Guarani, a desbravar, Guaíra, a sentir. Nem céu nem
barreiras, sonhos que não conhecem fronteiras. Ainda nesses, está você.
Faço a oração para que o charme possa vir em forma de
canção, com o tom certo, dessa vez mais bem apurada. Se do constrangimento
inicial, hoje sei que tenho um sonho e que quero alcança-lo. Afinal, há um quê
de realidade que deixou migalhas por aí, me guiando na trilha sinuosa.